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sexta-feira, 3 de junho de 2011

E o trabalho continua...

Desde o dia em que “conheci” Sergio Grubber, o Sujão, durante o serviço de abordagem de rua, sempre o reconhecia pelas ruas no centro da cidade. Ia ao trabalho cedo, a pé, e trombava frequentemente com aquele morador de rua que poderia ser chamado de Fujão, por evitar a qualquer custo o auxílio dos educadores de base – profissão que escolhi vivenciar.

Certo dia liguei para Adauto Cezario, o coordenador da abordagem, e comentei que havia visto o cidadão sentado defronte à uma padaria – e que parecia estar machucado. Adauto é, sem sombra de dúvidas, a pessoa mais humana que conheci em toda a vida. E obviamente, sabia bem, não deixaria de verificar a situação do mendigo que teimava em aceitar a ajuda do próximo – Sergio Grubber está em situação de rua há um ano.

Semanas se passaram. O caminho que percorria para o meu estágio era o mesmo. Pouco mais de duas semanas atrás bati o olho em um homem que aparentava estar na casa dos 30 anos de idade. O cabelo curto, os olhos amendoados e o rosto sem sinal de barba. Roupas limpas. Aparência simples, frágil. Uma elegância escondida naquela simplicidade – uma pessoa. Perguntei-me qual era o motivo dele estar sentado ali, na calçada.

Demorei a perceber, até reconhecer aqueles traços. Dez segundos foram suficientes para encontrar o Sujão naquela pessoa de aparência limpa. Transparente. E mesmo sem o contato imediato que tive com a abordagem de rua, soube de pronto que, queira o morador de rua ou não, o educador de base não desistiria de desenvolver o próprio trabalho.

Texto e foto: Ana Luiza Verzola

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