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domingo, 5 de junho de 2011

Enquanto isso, por trás das câmeras...

Fotojornalismo. Quem convive comigo sente vontade de me mandar calar a boca várias vezes durante a semana – Gustavo Lemos que o diga. Não pela hiperatividade ou nem mesmo pela minha simpatia seletiva. Sabe aquela coisa de “quando gosta, corre atrás”? Geralmente você ouve isso quando está na fossa por algum paquerinha. Eu levo isso mais a sério quando o assunto envolve fotografia. Minha eterna paquera.

E a gente estuda, compra livro, revista, levanta conteúdo na biblioteca, pesquisa na internet, faz contato com profissionais da área. Pergunta até não querer mais. Enche o saco do professor de fotografia por e-mail, acorda às 3h da manhã pra pegar estrada... e tudo se resume em foto.

Sexta-feira, dia 3 de junho, não foi muito diferente. Levantei assustada às 4h20 – não podia perder a hora. Voltei a dormir e levantei pra valer às 5h30. A coleta de lixo tinha início às 6h30. E eu não poderia perder nada. Ligo para o repórter responsável pelo texto “tá acordado?”. Alisson Gusmão responde ainda sonolento: “terminando de me arrumar, passo aí em 20 minutos”.

Ajeitei minha bolsa, troquei a bateria da câmera, conferi as pilhas do flash. E desci. Pessoal ressabiado se misturava com os mais curiosos: pudera, não há mulheres na coleta de lixo de Maringá – o que uma fazia lá tão cedo? Depois fiquei sabendo que uma mulher até tinha feito o concurso público – e passou. Mas pelo visto não se deu bem como atleta. Sim, eles são verdadeiros atletas: correr atrás do caminhão, recolher sacos de lixo pelas ruas, pular e se agarrar ao apoio (seria esse o nome? Posso chamar de “segura-jacu”?) para não cair. Nas curvas a situação piora.

Já disse que não gosto muito de praticar esportes? Até gosto, mas sou um tanto preguiçosa nesse sentido. Sedentária mesmo. Faço levantamento de câmera, de gravador, bloquinho e caneta – e isso já é o suficiente. Gosto de analisar o ambiente que vou fotografar. Ver se consigo alguma sacada interessante e nem sempre se dispõe de tempo para pensar nisso. Era o que a ocasião me reservava: tive de algum modo, que me segurar com uma mão, me equilibrar com o caminhão em movimento e, ao mesmo tempo, clicar – era tudo que conseguia, naquele “balanço do busão”.

“Ana, você não tem medo?”, perguntou Roberto, um dos lixeiros. “Não”, respondi de pronto. “Uma vez três meninas vieram aqui fazer reportagem com a gente, tinha câmera de vídeo e tudo. Elas se ‘tremiam toda’”, contou. E aproveitou para cobrar: “Disseram que iam trazer o vídeo pra gente e nunca mais voltaram”. Fica a dica se você leitor for e/ou conhecer uma das três meninas que prometeram isso!

Entre minhas macaquices para diferenciar o ângulo... o resultado você poderá conferir com a revista pronta – bem que podíamos abrir uma assinatura de revista Eu Tenho né? A coleção é grande!

Fotos: Alisson Gusmão

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